Road to Nowhere...: Yangshuo

Cheguei a Yangshuo já durante a noite e debaixo de um temporal. Depois de sair do autocarro ainda demoraria cerca de uma hora até encontrar o meu hotel...e sempre debaixo de chuva. No caminho parei num pequeno restaurante local para me proteger quando a chuva já fazia pequenas crateras no chão. Mais uma vez, a simpatia e a hospitalidade deste povo surpreendeu-me e acabei por provar a especialidade da região: noodles feitos a partir de arroz.

Mas a minha primeira impressão foi um verdadeiro banho de água fria...não da chuva, mas do facto de estar à espera de encontrar uma vila pequena e tranquila e o que encontrei foi precisamente o contrário! Nos últimos quinze anos esta vila perdida no meio das montanhas de calcário, transformou-se completamente. Aquilo que seria um dos locais mais remotos da China passou a ser um destino de turismo massificado. E ao contrário dos outros sítios igualmente turísticos onde estive, vi quase tantos ocidentais quanto chineses. As ruas da zona mais antiga da vila tinham dezenas de bares e discos e estavam apinhadas de jovens, especialmente, ao longo da famosa West Street.

Felizmente, as minhas vivências nos dias seguintes iriam fazer-me esquecer estas primeiras impressões!

A chuva acompanhou-me sempre nos dias em que estive em Yangshuo. Não foi fácil mas aprendi a lidar com isso e até a desfrutar mais. As paisagens ficam bem mais deslumbrantes e mágicas com as nuvens e nevoeiros a circundarem os cumes das pequenas montanhas de calcário. A chuva e a lama acabaram por ser males menores com que tinha de conviver.

No dia seguinte, depois de alugar uma bicicleta, avancei para as zonas mais naturais e rurais, com aquela energia de quem está a viver tudo pela primeira vez, onde os sons, as cores e os cheiros são mais facilmente guardados na nossa memória. Foram 10 horas de autêntico gozo por estradas, trilhos, campos cultivados, rios, ribeiras e pequenas aldeias perdidas.

Nesse dia regressei com as baterias totalmente carregadas! Já a chegar ao hotel dei com uma loja/bar/associação de escalada: a China Climb! E tinham uma pequena parede de escalada para blocar! Aproveitei para conhecer pessoal e acabei para arranjar companhia para escalar no dia seguinte. Muito bom!

Fui escalar com o Bob, um americano que vive à cerca de 15 anos em Shanghai e fala um chinês fluente. Vem várias vezes por ano a Yangshuo para escalar e para equipar vias. Fomos a um dos poucos sectores que dá para escalar mesmo com temporal: a Chicken Cave. Tem vias para todos os gostos e escalei tudo o que havia abaixo de 7a+. O grau de dificuldade está adequado e é similar ao português, contudo havia uma via equipada por um japonês fanático que me fez voar várias vezes! Segundo o croqui era apenas 7a...

No regresso o cansaço fez-me recordar os dias maravilhosos de escalada em Portugal. Aquele sentimento de missão cumprida, de dia bem passado onde as dores no corpo nos fazem sentir vivos. E para não ser diferente é claro que acabamos o dia a beber umas cervejas e a falar de escalada! Mas em vez das delícias da Brejoence foram algumas iguarias locais que acompanharam a cerveja.

No dia seguinte conheci duas raparigas chinesas que estavam a viajar pela China: a MieMie e a DiDi. Como estávamos com os mesmos planos para esse dia acabamos por ir juntos conhecer a região circundante. Foi mais um grande dia! Pedalámos desde as 9h até às 21h! O facto de elas saberem falar a língua local permitiu-nos ir a sítios onde jamais um estrangeiro iria sozinho. Chegámos ao hotel num estado lastimável! Encharcados em água e em lama...excelente!

Saturados de esperar pelos dias de sol decidimos ir para Xing Ping no dia seguinte. Trata-se de uma pequena povoação que fica numa das margens do rio Li e não muito longe de Yangshuo. Para muitos é o verdadeiro ponto alto de beleza da região.

Yangshuo